Deus?
Ontem estive a pensar sobre Deus. Mais concretamente a pergunta na minha mente era:
“Quem ou o que é Deus?”
Quando digo “Deus” ao que é que me refiro? Será que Deus é um conceito inteligível? Quando um ateu e um crente discutem sobre a existência de Deus, sobre o que é que estão a falar?
Considero esta pergunta importante porque precisamos de definir os nossos termos quando argumentamos contra ou a favor de algo.
Um ateu pode dar argumentos contra Deus, mas se para ele Deus for um tipo de extraterrestre extremamente poderoso que iniciou a vida humana, não vai afectar em nada a minha fé. O Deus que eu creio não é desse tipo.
Então que Deus é esse que eu creio? Que atributos tem ele? Dormi com esta pergunta em mente.
Quando acordei hoje de manhã, fui ler a bíblia. Na leitura sequencial do novo testamento que ando a fazer, o texto que li foi este:
Paulo, pondo-se diante deles no Areópago, falou-lhes assim: Gente de Atenas, vejo que são muito religiosos, pois ao passar pela cidade reparei em muitos altares,
um deles até com a inscrição - ‘Ao Deus desconhecido’. Afinal, têm andado a adorá-lo sem saber quem ele é, e por isso quero falar-vos agora acerca desse mesmo Deus.
Foi ele quem fez o mundo e tudo quanto nele há e, uma vez que é Senhor do céu e da Terra, não vive em templos feitos por mãos humanas;
e nem sequer precisa que seres humanos lhe façam seja o que for! Ele próprio é quem dá a todos a vida, o ar que respiramos e tudo o resto de que precisamos.
Criou toda a população do mundo a partir de um só homem e espalhou as nações pela face da Terra, fixando os tempos do mundo e os limites à vida dos homens na Terra.
E o que ele pretende é que o procurem e que se esforcem por encontrá-lo, embora não esteja longe de cada um de nós.
‘Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos’ Como disse outro dos vossos poetas, ‘somos de descendência divina’
Se isto é verdade, não devemos imaginar Deus como um ídolo que os homens fizeram de ouro, ou de prata, ou de pedra, pela sua arte e imaginação
Deus tem tolerado a ignorância do homem acerca destas coisas, mas agora ordena a todos, e em toda a parte, que se arrependam e o adorem só a ele.
Pois marcou um dia para julgar o mundo com justiça através do Homem que designou para isso. E deu a todos uma sólida razão para crerem nele, ressuscitando-o da morte.
Mesmo a propósito! É o conhecido Sermão do Areópago!
Através deste texto é possível conhecer um pouco mais quem é o Deus que Paulo pregava, e por consequência, quem é o Deus dos cristãos.
- Deus é o criador de todas as coisas
- “Foi ele quem fez o mundo e tudo quanto nele há”
- Deus é o dono de todas as coisas
- “é Senhor do céu e da Terra”
- Deus não está restringido a um só lugar
- “não vive em templos feitos por mãos humanas”
- Deus não precisa de nós
- “nem sequer precisa que seres humanos lhe façam seja o que for”
- Deus dá a vida
- “Ele próprio é quem dá a todos a vida”
- Deus dá a todos muitas benesses
- “a todos a vida”, o ar que respiramos e tudo o resto de que precisamos"
- Deus tem um papel activo na hisória humana
- “espalhou as nações pela face da Terra”
- Deus criou-me no Seculo XX em Portugal de propósito
- “fixando os tempos do mundo e os limites à vida dos homens na Terra”
- Deus pretende ser conhecido
- “E o que ele pretende é que o procurem e que se esforcem por encontrá-lo”
- Deus não está longe. É omnipresente
- “embora não esteja longe de cada um de nós ‘Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos’”
- Deus fez o ser humano de alguma forma semelhante a ele
- "‘somos de descendência divina’" (outra tradução diz ‘somos da sua raça’)
- Deus é paciente e tolerante
- “Deus tem tolerado a ignorância do homem acerca destas coisas”
- Deus é um ser moral. Preocupa-se com o bem e o mal
- “mas agora ordena a todos, e em toda a parte, que se arrependam”
- Deus exige ser o único objecto de adoração
- “mas agora ordena a todos, e em toda a parte, que … o adorem só a ele.”
- Deus vai um dia julgar o mundo
- “Pois marcou um dia para julgar o mundo com justiça através do Homem que designou para isso”
Deus é a causa de tudo o que existe. Ele é auto-suficiente, não tem necessidade de nada.
O que poderíamos nós, criaturas limitadas no tempo e espaço dar a um Deus destes?
Ele trouxe todas as coisas à existência e logo todas as coisas são dele.
Ele é omnipresente, e pode sê-lo porque não é um ser material.
Deus criou o ser humano, e sustém a sua vida fazendo “nascer o seu sol sobre maus e bons” e “chover sobre justos e injustos”.
Ele faz cada pessoa intencionalmente. Não é por acaso que estamos vivos hoje, nas condições em que estamos.
De alguma forma, somos semelhantes a Deus. Não na nossa parte exterior, o nosso corpo, mas o que somos realmente tem características divinas.
Tal como Deus, temos uma mente dotada de livre-arbítrio, e temos capacidade de tomar decisões com valor moral.
Deus também é um ser moral. Ele é o arquétipo da bondade e perfeição. Ele importa-se com a injustiça que há no mundo e um dia vai julgá-la.
Ainda não o fez porque é paciente e quer que todos se arrependam e o reconheçam como Deus.
Este é o Deus que os cristãos (e também os judeus) acreditam.
E porque devo acreditar nele? Há razões para isso? Paulo também toca nesse ponto.
A pedra basilar do cristianismo é só uma. Se ela não for sólida todo o edifício cai.
“E deu a todos uma sólida razão para crerem nele, ressuscitando-o da morte”
Se Jesus ressuscitou dos mortos, então o cristianismo é verdade, caso contrário é mentira.
Há muitas outras boas razões para crer em Deus, mas esta é a principal.
Podia escrever muito sobre ela, mas fica para outra altura.