O inconseguimento
O meu medo, eu formulá-lo-ia de modo abstracto, é o do inconseguimento. O inconseguimento de eu estar num centro de decisão fundamental, a que possa corresponder uma espécie de nível social frustracional derivado da crise. Mas também tenho medo que a crise não permita até, eu diria, espaços de energia pra ser mais criativa. Há sempre esse medo. É também o do não conseguimento. E tenho medo dum não conseguimento ainda mais perverso: o da europa também se sentir pouco conseguida e de ela não projectar para o mundo o seu soft power sagrado, a sua mística dos direitos, a sua religião civil da dignidade humana. Tenho medo do egoísmo. Tenho medo do egoísmo que nos deixa de certo modo castrados em termos pessoais e que nos deixa castrados em termos colectivos. Que não permita aquilo que os franceses chama réussir, o conseguimento, o conseguimento pessoal e colectivo. Tenho medo do não conseguimento.
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(Source: https://www.youtube.com/)